O DOUTRINADOR | Vale ou não a pena assistir? Leia nossa análise


Finalmente chegou o dia de ver esse filme. Obrigado Espaço/Z pela oportunidade!

O maior inimigo da corrupção chegou com os dois pés na porta, mostrando a força do quadrinho nacional. Fugindo de todos os clichês do cinema nacional, entregando uma história empolgante, cheia de ação, carregado de violência e uma fotografia digna de Zack Snyder. Esse é 'O Doutrinador'. 

A história é baseada na obra de Luciano Cunha, mas possui algumas mudanças em comparação ao material dos quadrinhos, como a própria origem do anti-herói, por exemplo, trazendo um personagem mais jovem, mas mantendo toda a essência que conquistou seu merecido lugar nas telonas. Aqui, Miguel (Kiko Pissolato) é um agente Federal, que em pleno período de eleições presidências, trabalha na investigação de esquemas de corrupção na área da saúde, envolvendo o governador Sandro Correia (Eduardo Moscovis). Fora do trabalho, Miguel é um pai dedicado e amoroso, que possui uma boa relação com sua ex-esposa Isabela (Natalia Lage). A vida de Miguel muda quando em certo dia, sua filha é atingida por uma bala perdida, e acaba morrendo nos corredores de um hospital. Revoltado com a classe política corrupta brasileira, Miguel parte para um caminho sem volta, com sede de vingança contra os verdadeiros responsáveis pela tragédia. Usando uma máscara de gás, e o codinome 'O Doutrinador', Miguel caça e mata a sangue-frio, todos os envolvidos no esquema que vinha investigando. 

Já estava mais que na hora de vermos algo diferente no cinema nacional, algo que realmente empolgasse, que passasse longe do estilo das produções da Globo Filmes. Estávamos precisando de um blockbuster de peso, com uma história “massa”, com consistência, sabe, de um filme com “sustança”, “do tutano do boi”, como se diz aqui no Ceará. Já estava na hora do cinema nacional se arriscar mais, como acontece nas produções hollywoodianas, que lotam as salas de cinema. Principalmente as produções baseadas em quadrinhos. 
Ô Hollywood, se vocês aí têm Marvel e DC, aqui temos a Guará. Se vocês aí têm o Punisher, aqui temos O Doutrinador, rapá! 

O Doutrinador é um filme corajoso, assim como a obra original, apesar de se manter mais neutro. Mostra de forma realista, a realidade dos esquemas de troca de favores, financiamentos por empresários, apadrinhamentos de políticos, testas de ferro, sistemas e acobertamento de provas e mensagens codificadas. Mostra de forma clara como tudo isso acontece, onde acontece, e quem participa. 

A trama é bem focada no protagonista. Kiko Pissolato consegue passar toda a carga emocional que o personagem exige nos momentos dramáticos, e toda a versalidade e agilidade nas cenas de luta. As cenas de ação são simplesmente incríveis, com um alto nível de violência, ótimas coreografias de luta, auxiliadas por uma trilha sonora muito bem encaixada, e excelentes enquadramentos, que nos permite ver todos os movimentos com clareza. 

A fotografia é uma das melhores coisas do filme, tanto em planos fechados como em abertos, presenciamos um trabalho primoroso. Sem nenhum exagero, você pode pausar o filme em qualquer cena, que ela pode virar fácil uma wallpaper para o seu computador ou celular. 

Existem três pontos negativos no filme. O primeiro, foi a forma com que Miguel “se transforma” no anti-herói pela primeira vez. Achei um pouco apressado, e prático demais. Poderia ter sido trabalhado de uma outra forma, com mais foco nos detalhes. O segundo, foi a morte de sua filha, que também me pareceu um pouco apressado, como se o acontecimento estivesse ali apenas para justificar as futuras ações de Miguel. O terceiro foi a forma como o nome 'O Doutrinador' surge. Assim como nos quadrinhos, o nome surge em uma reportagem jornalistica, mas no quadrinho, esse momento é mais bem apresentado. 

O elenco também conta com a presença de Marília Gabriela, que faz um excelente trabalho, mesmo com poucas cenas, Samuel de Assis, Helena Ranaldi, e Tuca Andrada. Temos também a excelente Tainá Medina, como a hacker Nina, que para o Doutrinador, é praticamente uma Felicity Smoak de Arrow. 

O final é surpreendente, e não deixa de forma alguma de fazer referência à obra original. Aliás, aqui tem referência pra Capitão América nenhum botar defeito, tanto ao quadrinho do Doutrinador, como a Guará Entretenimento. Ah, tem cena pós-créditos., então não saiam assim que terminar. 

Respondendo à pergunta título do post, sim, vale muito a pena assistir. O Doutrinador é um filmaço digno de respeito. Que orgulho, cara, que orgulho ver o quadrinho nacional ganhando seu merecido espaço na telona. Sem dúvidas, depois desse filme, a indústria e o público verão que no Brasil existem quadrinhos bons sim, e que eles têm potencial para ganhar as telonas e o mundo. 

Obrigado Luciano Cunha por ter criado O Doutrinador, e por ter me presenteado com a edição definitiva do mesmo. Foi um dos melhores quadrinhos que li até hoje. Obrigado Downtown por ter acreditado na história, e Gustavo Bonafé por ter dirigido essa excelente obra. Vocês estão fazendo história. 

  1. trailer

  1. FICHA TÉCNICA
Data de lançamento: 1 de novembro de 2018
Direção: Gustavo Bonafé
Elenco: Kiko Pissolato, Samuel de Assis, Tainá Medina
Gêneros: Crime, Suspense
Nacionalidade: Brasil
Distribuidor: DOWNTOWN FILMES
Ano de produção: 2018 


O Kryptoniano que caiu com gosto de gás no Ceará. Cinéfilo, crítico, desenhista, designer gráfico, professor de Cearensês e Mestre Jedi na arte de fazer piada ruim.

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