SHAZAM | Confira nossa resenha com spoilers
Sem muitas expectativas, mas curioso para ver como seria o próximo passo da DC nos cinemas, fui assistir Shazam!. Posso ser honesto em dizer que o filme é exatamente o que ele prometeu nos trailers. É simples, leve e abre um campo ainda não explorado pela DC no cinema, trazendo um personagem completamente diferente dos demais abordados até agora. Sem 'leruaite' vamos partir para o que interessa!
Para contar essa história, o diretor David F. Sandberg optou por um enredo simples, bem-humorado e repleto de referências, tanto a cultura pop, quanto ao próprio universo da DC. Essa escolha lhe caiu bem, podendo ter conseguido resultados com uma produção de baixo orçamento. É nítido a inspiração no clássico Quero ser Grande, protagonizado por Tom Hanks, fazendo desse filme algo mais família, e no melhor sentido “Sessão da Tarde” de ser. Imagina um garoto de 14 anos com superpoderes? Se fosse comigo, isso não iria prestar, pois, nessa idade eu era bem 'malino'.
O filme começa apresentado um mago retentor de poderes místicos, que tem como responsabilidade manter sete entidades malignas aprisionadas, os Sete Pecados Capitais. Esses seres foram aprisionados em formas petrificadas pelo mago e seus irmãos, que deram suas vidas para realizar esse feito. Já velho e com os poderes 'capengas', o mago procura alguém com o coração puro insuficiente para substituí-lo. Resumindo, ele procura alguém capaz de subir tranquilamente na nuvem voadora do Goku.
É nesse contexto que conhecemos Thaddeus Silvana, um menino que sofre com as durezas do pai e do irmão mais velho. No tanto, Thaddeus acaba sendo considerado pelo mago como indigno após se deixar ser seduzido pelo “lado negro da força”. Anos depois Thaddeus, agora conhecido como Dr. Silvana, usa todos os recursos possíveis para encontrar o mago novamente, e tomar o poder que lhe foi negado.
Um ponto interessante é a presença de John Glover como pai de Thaddeus Silvana, pois, se você conhece o ator, sabe que ele deu vida a Lionel Luthor na série Smallville. Uma ótima referência, já que a DC teve o Dr. Silvana como inspiração na criação de Lex Luthor, na época em que as histórias do então Capitão Marvel, pertenciam à Fawcett Comics.
Após o Dr. Silvana conseguir seu objetivo, o mago encontra finalmente seu substituto, um jovem órfão (típico) chamado Billy Batson. Daí em diante são as cenas que vimos nos trailers, onde ao pronunciar o nome do mago (“Say My Name” no melhor estilo Heisenberg) SHAZAM!, ele se transforma em um 'cabra' bombando, dotado da sabedoria de Salomão (não me perguntem o motivo), a força de Hércules, o vigor de Atlas, os poderes de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio.
Você pode estar se perguntando: “Como ele pode agir como uma criança, se ele tem a sabedoria de Salomão?” Calma cocada, não é assim que se efola um bode. Ao se transformar, os poderes estão lá, mas ele não sabe controlar. Cada habilidade requer domínio e controle para usar, e Billy é imaturo demais para isso. Algumas habilidades surgem como instinto, e a necessidade de fazer algo, como correr rápido para salvar uma vida acontece no reflexo. Isso acontece com todas a habilidade, e você pensa que com a sabedoria seria diferente?
Outra coisa que deve ser observada, é que como um garoto de 14 anos que não sabe lutar, seria ilógico que do nada ele se transformasse em um Jackie Chan da vida. Por esse motivo o filme não tem grandes sequências de luta, sendo mais pé no chão abordando as motivações dos personagens, e as consequências das habilidades adquiridas pelo protagonista, e a relação com sua família.
Esse pergunta realmente me foi feita: “Mas ele jogava videogame, como ele não aprendeu a lutar?” Se você acha que alguém aprende a lutar pelo videogame, precisava me ver apanhando na escola. Ao contrário de Billy, o Dr. Silvana já era um homem adulto e ciente de todas duas habilidades motoras, além da maturidade que o benefício no controle dos poderes. Essa comparação pode ser feita com relação ao motivo pelo qual Zod, em MoS, conseguiu controlar suas novas habilidades ao se receber a radiação do sol amarelo, enquanto Clark passou a infância a adolescência toda para isso.
Um dos maiores acertos dessa produção é o elenco mirim. Assim como aconteceu com It A Coisa e Stranger Things, todos são extremamente talentosos e carismáticos. Quando adquirem os poderes e se transformam na família Shazam, vemos que o elenco adulto combinou perfeitamente com cada um. Vale ressaltar a cena onde Darla fala com o papai Noel, pois, o engraçado é que por alguns segundos, esquecemos que são apenas crianças dentro do corpo de adultos. O humor é extremamente afiado, e fluente conseguindo fazer com que as piadas funcionem, nos fazendo rir de forma natural.
Temos também um grande nível de fidelidade com os quadrinhos, mais precisamente nos Novos 52. Os trajes, as estátuas dos Sete Pecados Capitais, os tronos dos magos, o visual dos personagens e tudo mais. A semelhança é tanta que parece o material das páginas saltou para a tela.
“Mas aí, você disse que o filme não é melhor que Aquaman. É ou não é?”
Não, não é. Diferente de Aquaman, Shazam não é grandioso, e não tem um tom épico, e nem mesmo tenta ser assim. É um filme simples, mas que cumpre de forma honesta sua proposta, sendo exatamente aquilo que vimos nos trailers. Conduto, existem, é claro, os pontos negativos. Um deles está no uniforme do herói, que apesar fiel e menos estranho do que pensaria que fosse, não é tão orgânico como deveria ser. Não é que Zachary Levi não tenha porte fisico, mas em alguns momentos os “músculos” saem do lugar, sempre com a aparência de estarem contraídos, mesmo o personagem estando relaxado. Talvez se fosse algo mais parecido com o uniforme de Injustice, ficasse mais natural, já que lá o uniforme á quase uma armadura.
Outro ponto fraco é a diferença de interpretações de Billy jovem e o Billy adulto. É como se ele saísse de 110w para 220w (literalmente) ao se transformar. Como Billy ele é mais centrado, mais sério, já que sua trama envolve as questões de abandono pela mãe, e ser considerado como um garoto problema, já quando ele se transforma, a empolgação com os poderes chega ao nível máximo, o deixando muitas vezes bobão. Sei que o Shazam é um contraponto do Billy, mas isso não ficou muito claro no filme, dando a impressão de que existe um desnível na interpretação, apesar de que os dois estão muito bem em seus papéis.
O Dr. Silvana de Mark Strong é bem genérico, mas cumpre bem seu papel de antagonista. Ele é firme, objetivo, mas acaba caindo no clichê do vilão que quer derrotar o mocinho para não te ninguém que o impressão de “dominar o mundo”. Após ser derrotado, ele vai preso e isso é excelente, pois, não gosto do lance de vilões morrerem. Nos quadrinhos nos deparamos diversas vezes com vilões que dão trabalho para os heróis em diversos arcos, causando momentos de surpresa, nos dando a oportunidade de conhecê-los melhor.
O filme também não aprofunda absolutamente nada da mitologia que envolve a origem dos poderes do Shazam. É apenas mencionado que os nomes, mas a mitologia não, e isso ficou meio capenga. Não precisava de muito tempo de tela para isso, bastava fazer algo mais parecido com o que vimos em Mulher Maravilha. Espero que no filme do Adão Negro seja diferente, e que ela possa aprofundar a mitologia por trás de tudo. Antes que você pergunte se o Adão Negro aparece, vou logo dizer que não. O pedido vilão interpretado por The Rock (irmão gêmeo de Dwayne Johnson) apareceria, mas sua participação foi cortada para dar mais ênfase no seu filme solo. Mesmo assim, o mago Shazam menciona um campeão que no passado libertou seu povo, mas que acabou se tornando um déspota. Que muito ver isso na telona!
Diferente de outros filmes da DC, esse não possui uma trilha original grandiosa, e nem marcante. Nesse campo se destaca a escolha da canção Don't Stop Me Now do Queen, que assim como Hey, Ho Let's Go do Ramones em Homem-Aranha de Volta ao Lar, essa canção consegue traduzir perfeitamente o sentimento do herói naquele momento.
Respondendo a pergunta título do post, sim, vale a pena assistir, mas se quiser deixar para fazer isso em casa, não tem problema. Não espere ver o filme mais espetacular do mundo, o melhor da DC, melhor do ano, que irá falir a Marvel (como alguns abestados costumam falar) porque não é. Shazam é um filme simples, porém, importante para o novo caminho que a DC vem tomando. Espero ver ele dominando os poderes, ficando menos bobão ao se transformar, mas mantendo a alma de garoto que irá ficar desajeitado perto da Diana Maravilha. Se o filme fosse feito no Brasil, estaria tocando Garotos do Leoni durante os créditos.
Na última cena aparece o Superman! Calma, Cavill não está lá, é apenas um dublê de corpo, mas isso significa muito para o futuro do personagem. Nos quadrinhos Billy tem uma ligação com o filho de Krypton, que acaba se tornando seu mentor. Espero que Cavill continue no papel para isso.
Temos também duas cenas pós-créditos, sendo uma enigmática, com a presença do Senhor Cérebro (sim, é a lagarta), e outra sobre o Aquaman.
Se você assistiu, comente, diga o que achou do filme!
- ficha técnica
Título Original: SHAZAM!
Data de lançamento: 4 de abril de 2019 (2h 12min)
Direção: David F. Sandberg
Elenco: Zachary Levi, Asher Angel, Mark Strong
Gêneros: Ação, Fantasia
Nacionalidade: EUA
Distribuidor WARNER BROS.
Ano de produção: 2019
- trailer
Me transportou aos tempo áureos da Sessão da Tarde dos anos 80 e 90... Realmente não é o melhor filme, mas é muito acima da maioria que a DC tem nos passado. Depois de Aquamen a DC começando a acertar finalmente!!!
ResponderExcluirO melhor é que essa foi exatamente a proposta
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