THE BOYS | Confira nossa análise dessa série fodástica!


Boquiaberto. Foi como fiquei ao terminar de assistir a primeira temporada da série The Boys dos produtores Seth Rogen e Evan Goldberg. Surpreso com a qualidade técnica em direção, produção, elenco, estrutura narrativa do roteiro, dentre outras “cositas más”. Mas vamos falar um pouco dos pontos atrativos desta obra prima das produções sobre heróis.

Sobre o roteirista, não se poderia esperar menos de um profissional que vem assinando o roteiro da série Supernatural há mais de uma década: Eric Kripke. Kripke aceitou o desafio de adaptar os quadrinhos de Garth Ennis, grande nome das HQ’s com temáticas adultas. E assim nasceu esta série da Amazon Prime que vem sendo elogiado por muitos como melhor do que os próprios quadrinhos publicados pela Dynamite Entertainment.

Você deve pensar: ah não, mais uma série de heróis baseado em quadrinhos? Vou anotar e colocar no fim da lista…

Não, não é só mais uma série de heróis, cara leitora ou leitor. Trata de uma sátira muito inteligente e com tonalidades variadas de estilos narrativos, gêneros cinematográficos e inteligente crítica social.

Senão vejamos sobre a trama, nossa história começa com o inerte, tímido e tacanho Hughie Campbell (Jack Quaid) perdendo sua namorada num brutal acidente, onde um super herói velocista chamado Trem Bala, sátira clara ao personagem “Flash” da DC Comics, atropela a garota transformando-a em pedaços de carne no asfalto num fim de tarde ensolarado. Sim, a série trabalha com o gênero Gore e de violência gratuita de forma pontual sem perder um ritmo narrativo com outros gêneros. Nessa cena Hughie fica somente com os antebraços da namorada morta enquanto se pergunta, ainda com sangue no rosto, onde ela foi parar.

A partir deste acontecimento e ao perceber que existe um sistema para proteger juridicamente e comercialmente os super heróis, acompanhamos a trajetória de Hughie ao se tornar membro de um grupo de rapazes ou The Boys que desejam a vingança sobre os “Supers” que se mostram filhos da P*** com poderes.

Desde o início, nota-se que o mundo de The Boys com seus metahumanos não é uma utopia apresentada nos quadrinhos como conhecemos, onde o super heróis são seres de alto senso moral, sempre dispostos a ajudar os mais fracos. Pura bobagem. Aqui, a maioria dos “supers” são imbecis egocêntricos, sociopatas e sem ética, onde aproveitam oportunidades para abusar dos poderes em benefício próprio. Daí entra uma crítica pulsante sobre como seria nossa sociedade se pessoas comuns ganhassem super poderes.

Mas calma amiguinhos, ainda tem mais. Por traz da existência dos “Supers” existe uma organização que comercializa os produtos em cinema, quadrinhos, brinquedos, shows, determina contratos, estipula ações, treinamentos e o marketing. A corporação Vought.

Nada muito estranho, pois no decorrer da série vamos descobrindo que esta empresa também é a responsável pela origem dos “Supers”. Sem perder a mão no roteiro Kripke utiliza este arco narrativo de forma crítica onde a CEO da empresa, vivida pela excelente e saudosa Elisabeth Shue, trata de esquemas que envolvem militarismo, espionagem corporativa, uso de seres humanos em pesquisas científicas, propagando enganosa, uso da religião para manipulação em massa, dentre outros.

Nessa leva o roteiro trata de forma inteligente de política e religião com críticas esplendidas, mas sem soar didático ou panfletário e sem perder o foco no plot principal em que as motivações dos Boys nos leva a torcer pelos assassinos de super heróis.

O elenco poderia dizer que é primoroso, os atores conhecidos estão ótimos, mas os atores desconhecidos estão fantásticos. Ênfase no protagonista Hughie (Jack Quaid) que vive a jornada do herói na transformação de um balconista tímido para um sagaz assassino, a linda e apaixonante Starlight (Erin Moriarty) com sua trajetória ética e de identidade, e sem deixar de elogiar o detestável e assustador Homelander ou Capitão Pátria, vivido por Antony Starr, que habilmente muda suas expressões para viver um psicopata com poderes do Superman. Não esquecendo também da participação de Haley Joel Osment, o menino do filme “Sexto Sentido”, afastado das telas e na série vive um “Super” fracassado e traidor.

O grupo de diretores também não fica para trás, os efeitos visuais são precisos e inteligentes. Percebe-se um controle de câmera onde trabalham muito bem com gags visuais, planos sequências e construção de quadros. Não é a toa que a classificação etária da série é de 16 anos devido a suas cenas fortes de violência e de sexo, que também são bem dirigidas.

Em seu modo ácido, a série The Boys é uma grande crítica à indústria de entretenimento voltado para os filmes de heróis que levantaram bilhões de dólares em bilheteria e produtos na última década. Tem até um momento em que falam na série de um UCV (Universo Compartilhado Vought), e a entrada de Starlight no grupo dos “Sete”, uma sátira clara aos heróis da Liga da Justiça, é explorada pela mídia em evento de tal forma que lembra os anúncios de uma Comic Con. Portanto, uma mensagem de metalinguagem cínica e genial.

Por fim, divertido e ambicioso, The Boys nos leva a reflexões sobre como o mercado da cultura pop parece estar controlado por produções sobre a temática dos heróis e de como alguns dos “heróis” da série não estão longe de nossa realidade. Parecem líderes políticos de alguns países que conhecemos, homens pequenos com poderes exagerados. E exatamente por essas reflexões e cenas divertidas que ansiamos a próxima temporada.

  1. FICHA TÉCNICA
Título Original: The Boys
Gênero: Drama, Ficção científica, Ação
Temporada: 1° temporada (2019)
Direção: Eric Kripke
Elenco: Karl Urban, Jack Quaid, Antony Starr
Nacionalidade EUA
Plataforma: Amazon Prime Video

  1. TRAILER


Memezeiro, escritor, pai e amigo de um magote de fuleiro. CEO do EagoraCast Podcast, parceiro Callango Nerd.



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