JOKER | Confira nossa segunda análise SEM SPOILER


Em meio a tantas produções adiadas, e outras engavetadas, a Warner decidiu produzir algo fora dos planos. De repente Joker surgiu com diretor, produtor, elenco e data de filmagens confirmadas. Afinal, o que fez a Warner encabeçar algo tão ousado? A resposta é a própria ousadia.

Estrelado por Joaquin Phoenix, Joker vem levantando a curiosidade do público desde a primeira imagem lançada. Prêmios em festivais, e rumores de indicação ao Oscar, e críticas sobre a violência contida só aumentaram as expectativas. A pergunta que ficou, é claro, é se realmente o filme que se propôs a contar a origem do maior vilão do Batman, é ou não essas Coca-Cola toda. Bom, isso é o que vamos discutir aqui.

Como eu disse na página assim que assisti ao filme, “Joker não é um filme ”fastfood”, que você come de forma rápida, e sim uma refeição requintada e completa que precisa ser saboreada”. A trama aborda todo o lado psicológico de um homem que sofre de distúrbios comportamentais, que lida com o fracasso, a mentira, o anonimato, a decepção e o abandono. Logo após enfrentar adversidades que impactam diretamente a sua sanidade, surgem consigo a demência, a esquizofrenia e o sadismo.

A frase “O homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe” de Rosseau, se encaixa perfeitamente aqui. Arthur Fleck é um comediante fracassado que sofre de um distúrbio comportamental que o faz dar gargalhadas quando está nervoso, ou sob pressão. Após ser demitido do seu trabalho, Arthur é confrontado no metrô a caminho de casa por três homens que o agridem de forma verbal e física por causa de sua risada. Em forma de defesa, Arthur mata os três. O pior disso tudo é que ele acaba gostando, e isso se torna natural para ele, sendo um start para toda a loucura que virá.

Assim como o Thanos e Grindelwald, Arthur tem a completa convicção de estar fazendo a coisa certa, e é aqui onde mora o perigo, pois os vilões mais perigosos são aqueles que acham que são os verdadeiros heróis. Acreditam que seus atos, mesmo que cruéis, são plausíveis.

Sobre a polêmica gerada em cima da violência, ela se reflete mais sobre as motivações do personagem do que pela violência em si. Enquanto nos EUA ele recebeu a classificação +18, aqui a categoria foi para +16. Acho que o fato de assistirmos programas policiais na hora do almoço pesou um pouco nessa decisão. 

Sobre a fidelidade ao material base, o filme se mostra bastante coerente, mas apresentado algo original. Arthur Fleck não é o Coringa que conhecemos, ele não caiu dentro de um tonel de produtos químicos e perdeu a pigmentação da pele. Ele é tido aqui como o primeiro, que iniciou a ideia por trás do palhaço do crime. O filme termina deixando exatamente a sensação de que qualquer um em Gotham poderá ser o Coringa, e esse é grande mistério que o Batman nunca resolveu.

A trilha sonora é envolvente, e nos ajuda a imergir na história. Pouco a pouco entramos na mente do personagem, e passamos a ver pelos olhos dele tudo que ele passou. Ele toca em feridas da sociedade, e nos tira da zona de conforto, me deixando na ponta da cadeira, apreensivo do início ao fim com viradas e descobertas surpreendentes, e um desfecho sensacional que se torna a cereja do bolo.

Joaquin Phoenix está espetacular, e não temo em dizer que ele é um fortíssimo candidato ao Oscar por esse papel icônico.

O filme também conta com diversos easter eggs sabiamente utilizados, sendo que um deles é capaz de deixar no ar uma possível ligação com o DCU. 

Por fim, gostei bastante do filme, mas não acho que seja para todos os públicos. Ele tem cara de cinema de arte, contando com um tom completamente diferente do que vimos no gênero até agora. Fiquei com vontade de assistir novamente, e essa é para mim a melhor sensação ao ver um filme. Seria muita pretensão minha dizer que é o melhor filme do ano, mas com certeza tem a melhor atuação.

  1. Trailer

  1. Informações
Título Original: Joker
Data de lançamento: 3 de outubro de 2019 (2h 02min)
Direção: Todd Phillips
Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz
Gênero: Drama
Nacionalidades: EUA e Canadá

Cearense com gosto de gás! CEO do Callango Nerd, cinéfilo, crítico, redator, desenhista, designer gráfico, professor de Cearensês e Mestre Jedi na arte de fazer piada ruim.


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